Não era tão fácil assim, aahhh quem dera! Estava cansada de ler o rótulo dos cremes que ficavam em cima da pia do banheiro. Chega,pensou, agora vou mudar de vida, é sempre aquela necessidade: cremes para pentear, comida para estufar, livros para ler, banho para tomar, buracos para cair, paixões pra se machucar, asas para ficar no chão e pés para alçar vôo. O raciocínio, disto não tinha nada. Não acreditava, não dormia, não pecava, não andava e nem sorria, bebia sim, quase sempre, sonhava e com isto se consolava um pouco, mas nada que pudesse fazê-la fugir! Fugir de onde queria! Mas de onde? Se não sabia nem onde estava, como iria descobrir se por acaso não fora parar no mesmo lugar de antes? Eram traumas, traumas modernos, traumas pscicotrópicos causados pelo calor dos trópicos. E eram eles, eles que a provocavam e permitiam que colocasse este texto sem razão dentro daquela imensidão azul da rede, permitindo que o lessem! Ah, sim! Talvez este seja então, agora, seu maior pecado.