imaginarium

blog para festas e devaneios... pela insana jornalista e fotógrafa de plantão Gabriela Di Bella.

terça-feira, novembro 29, 2005

Calor Expressionista



O calor era tão intenso e expressionista quanto o que passava na tela. Para os ouvidos, música ao vivo, como nos anos 20, e para os olhos, a intensidade do preto e branco de “O Cabinete do Dr. Caligari”, filme de mesma época, ícone do Expressionismo Alemão. O ar condicionado não funcionava, e a temperatura da sala P.F. Gastal ultrapassou os limites do suportável lotada com os cinéfilos de plantão, literalmente sedentos para ver este clássico com esta trilha inovadora. Só que estava tão bom que ninguém arredou o pé, nem que oferecessem água grátis lá fora.

O filme começa já com o pessoal da “Pata de Elefante” detonando na forte melodia. Como já é tradição, os guris mandaram ver no rock instrumental e captaram bem o clima do filme. Talvez fosse uma boa idéia lançar uma versão com esta trilha, era uma proposta para um Festival no Instituto Goethe, imagine: clássicos do Expressionismo Alemão apresentados com som ao vivo de bandas gaúchas. Sim, meus caros, chegamos ao limite do pós-modernismo (hehe).

Voltando à sessão, depois de uns 30 minutos, “O Gabinete...” chega ao seu clímax, e o calor também. É hora de descobrir quem é o assassino! A música fica mais forte e a sensação que dá é de que aqueles cenários desenhados desproporcionadamente são frutos de ilusões provocadas pelas altas temperaturas. O público agüenta firme, alguns deliram, mas tudo bem, afinal, eventos como esse não acontecem todos os dias em Porto Alegre. Os créditos surgem na tela e os guris da “Pata” são aplaudidos de pé enquanto tocam os últimos acordes.

E assim foi a interessantíssima (e que deveria ser repetida) sessão de hoje, no meu reencontro com um dos lugares mais culturais e legais da cidade, a Usina do Gasômetro. Também reencontro com alguns amigos que eu nem sabia se ainda lembravam de mim. Entretanto, a sessão acabou, mas ainda é preciso seguir lutando com o calor insuportável que também reencontrei. Realmente acho que, às vezes, Porto Alegre se parace mais a um cenário expressionista.

Adicionando: Ouçam "Pata de Elefante", os caras são feras! É rock instrumental do bom! Vale a pena!