imaginarium

blog para festas e devaneios... pela insana jornalista e fotógrafa de plantão Gabriela Di Bella.

sábado, dezembro 24, 2005

Então é Natal...

Bueno, como não poderia faltar ai vai o texto de Natal. É todo ano escrevo e este não vai ser dirferente. Aproveito os minutos antes que a minha família buscapé chegue para discernir um pouco mais sobre esta data tão ilusionista.

Os planos para fazer o euodeionatal.com.br continuam de pé. Sei que tem mais gente que está comigo nesta luta, o problema é que o bom velhinho é muito influente, tem apoio publicitário e normalmente quem vai contra as idéas dele some misteriosamente... Como já escrevi aqui há dois anos atrás acho que esta data é demasiado consumista e estranha para uma não crente católica.

Em todo caso, sei que algo mais forte que nós existe e bons desejos e energias nunca são demais. Portanto se dizer Feliz Natal é maneira de ajudar os outros hoje... FELIZ NATAL PRA TODOS!!!! E mais que isso MUITA PAZ, ALEGRIAS, SONHOS E BOAS SURPRESAS!!!!!!!!!

OBS: este ano foi ESPECIAL, cheio de idas, vindas, voltas, revoltas e só tenho a agradecer!!!!!!

OBS2: E outra a imagem abaixo é para fazer conjunto com o texto, mas por defeitos informáticos isso não está acontecendo, ainda não descobri o porquê... mas leiam-no igual hehehe...

terça-feira, dezembro 20, 2005

Sabores


“O essencial é invisível aos olhos”, Saint-Exupéry


A vida tem sabores, segundo o Lobão ela é doce. Eu já tenho cá minhas dúvidas. Acho que ela tem diversos gostos, cores, texturas e até som, como os melhores pratos, e que o essencial para se viver é como o sal na comida, não se vê, mas é o que realça o sabor, é o que dá a graça. Este ano foi marcado por momentos amargos, doces, salgados e esquisitos como os pratos mais raros. Um dos momentos doces foi ver o filme “O tempero da Vida”. Há tempos que não me identificava tanto com um filme. Compartilho com o personagem principal o amor pela culinária, a paixão pela astronomia, a influência que o avô tem na vida dele, a aversão aos uniformizados, a divisa de nacionalidades e a cativante e infelizmente, muitas vezes sofrida qualidade de sonhar.
Quando eu era “niña” minha diversão era ficar em cima de uma cadeira ajudando a vó a cozinhar. Logo depois no colégio fiz o que se podia chamar de “curso de culinária”, e desde então sempre que posso estou inventando algo ou tentando fazer algum prato novo. Agora, depois de ter experimentado os sabores orientais viajando por Istambul a sede pelo novo, por novas misturas e temperos só foi aumentando. Aliás, acho que isso começou depois que descobri as qualidades do molho shoyu, e confesso que hoje em dia só não o utilizo para fazer feijão, no resto tudo vai.
Outro maravilhoso programa de infância era a ida clássica ao Planetário, normalmente era o programa de domingo. Viajar pelas estrelas. Conhecer as constelações e suas histórias era fascinante! Histórias de anos-luz de estrelas das quais hoje só vemos a luz o essencial, a estrela mesmo, provavelmente já não está mais lá. Até hoje olho para o céu e ainda busco as constelações, a memória já falha, mas alguma coisa ainda sei, eu acho. Pena que a vida nos afasta de algumas paixões, vou colocar nos objetivos do ano que vem voltar aos estudos sobre as estrelas. Será que vai ser cumprida?
Por enquanto penso ainda em 2005, ano que fui uma viajante, e como se diz no filme: “os viajantes que estão indo olham o mapa, os que estão voltando se olham no espelho”. Fui por que há tempos eu olhava o mapa. E voltei pois em algum momento, não sei bem porquê, comecei a me encarar no espelho. Não digo que foi fácil, nessa horas parece mais que comemos algo apimentado e aquilo fica ardendo em toda a garganta por algum tempo depois que comemos. E confesso que a tentação de voltar a olhar o mapa está já presente como um prato que deve ser muito preparado, um pão em processo de fermentação.
A verdade é que cada momento tem o seu sabor, e é importante provar, cheirar, ouvir, mesmo que seja para sair correndo pedir um copo d’água. Em um dos momentos mais doces do ano ouvi um amigo budista dizer:”Dedique sua vida ao amor e a comida, que o resto sairá bem”. Não sei se foi Buda quem disse isso, mas creio que está certo. Na vida comece pelas bordas e vá por fatias, não coma o bolo inteiro de uma vez senão chega o tédio e tudo se esgota em pouco tempo.
Estou como o personagem principal do filme que depois de muito tempo volta finalmente para Istambul e começa a juntar as sobras de temperos na loja do avô, ele termina por formar a via-láctea aquilo tudo o envolve como os sonhos que tinham sido promessas durante toda a vida, dissipados. E era a partir dali que ele começaria tudo de novo. Era preciso descobrir o que era somente luz e o que era real para poder recomeçar.

OBS: os filmes do ano, segundo minha insignificante opinião, mas juro que vale a pena! “YES”, de Sally Potter e “O Tempero da Vida”. Os dois de belo modo mostram como a política e os conflitos entre os povos podem afetar a vida das pessoas. Assunto que já vale outro texto.

domingo, dezembro 04, 2005

Entre a glória e a lágrima

Eu vi o túnel. Eu vi! Ele era branco... e no fim tinha uma luz vermelha... era lindo... ao longe eu ouvia sons de pessoas gritando, não conseguia ditinguir bem o que elas me diziam, só sei que terminava em ão... e outras vozes pareciam mais perto sussurrando: - Não olha pra luz! não olha pra luz!!! Tive a sensação de estar voando, via toda a cena de cima, um bar, muitas pessoas pulando e se abraçando, cerveja derramada nas mesas, alguém me sacudia e me chamava... Gabi! Gabi!

Eu estava em estado de choque! Não piscava, não ria, não falava, não reagia... de repente aquele líquido gelado e com cheiro forte a cevada tomou o meu rosto, urf... urf... arf... voltei a mim. Pisco os olhos, admiro toda a confusão em volta e demoro alguns segundos para realmente entender o que estava acontecendo. Ah, sim! Lembrei qual tinha sido o meu último pensamento antes do choque: "O Inter, o Inter é Campeão Brasileiro, depois de mais de 20 anos!!!!!" Lágrimas então escorreram de meus olhos, começo a gritar e a acompanhar aqueles que pulam e dançam em cima das mesas. "É CAMPEÃO!!! É CAMPEÃO!!!" Corremos para a rua, somos tantos que fechamos a Lima e Silva com a RepúblicA. Os torcedores do glorioso colorado dominavam a Cidade Baixa e a festa era ensurdecedora!!! Hoje é proíbido dormir!!!, gritavam os mais exaltados.

Muricy Ramalho e companhia chegam no Salgado Filho e tem que sair por uma porta lateral para evitar o tumulto que tinha se formado no aeroporto. O passeio no carro de bombeiros já está organizado, os jogadores passam pela Av. Farrapos, depois pela Mauá e então vão passar pela Perimetral... no meio da confusão sinto uma luz... uma luz que me incomoda... tento escapar dela, mas não é possível, me viro e não adianta, a luz continuava me obrigando a abrir os olhos, então vejo a luz de novo... sim, mas essa é diferente, afinal, são seis e meia da manhã e eu não fechei bem a janela do meu quarto, de novo!!! Levanto e baixo a persiana como deveria ter feito antes. Me deito de novo, e tento dormir com a resignação que é o sentimento que me sobra.

...

Eu disse que escreveria a crônica dos Campeões e escrevi. Afinal, é uma crônica, ou seja, não precisa ser necessariamente verdadeira, e sim uma loucura completa e tão irreal como foi esse Campeonato Brasileiro. Ainda espero pela decisão judicial, e por isso, comemorei com os esperançosos colorados que saíram à rua. Óbviamente a festa não foi tão bonita como se esperava. Pra mim meu time é Campeão, mas admito, aquele um a zero no primeiro minuto do primeiro tempo me atingiu como uma flecha e creio que foi a mesma que atingiu os jogadores, que não conseguiram reagir e mudar o resultado da partida contra o Coritiba. Enquanto isso, nosso adversário direto de pontos fazia o que tinha que fazer, perder. Fico entre a glória e a lágrima, esperando que a mesma justiça que provocou esta confusão toda a desfaça. Mas, para sempre com a alma marcada e decepcionada com o futebol no país que se diz dono da bola.