imaginarium

blog para festas e devaneios... pela insana jornalista e fotógrafa de plantão Gabriela Di Bella.

quarta-feira, novembro 30, 2005

Terroristas, claro!

“Ignorância é força”, assim um dia escreveu George Orwell. E realmente, acho que ele tinha razão. Lendo as manchetes de hoje ainda mais. Pra começar, terrorismo é um termo que ainda não conseguiu ser bem definido. Nem a ONU e todos os países, políticos, especialistas e intelectuais que fazem parte dela conseguiram, em 60 anos, entrar em um consenso sobre o tema. É certo que isso envolve delicadas linhas subjetivas, diplomáticas e interesses políticos complicados demais para que qualquer um tome uma decisão sobre o tema. Afinal, o que é exatamente “um ato terrorista”? Oficialmente não se sabe.

Portanto, é claro, é obvio que a resposta surgiu aqui no Brasil, país do futuro.Cultos e modernos como somos, os senadores de nosso querido país tiveram a capacidade de entrar em um consenso e definir o que é isso. Incrível, não? Pois só assim é que se poderiam classificar as ações de um grupo ou movimento como “atos terroristas” em um documento oficial. Acho que o Kofi Annan deveria andar mais por aqui, pedindo conselhos aos senadores brasileiros. Ontem perdeu uma ótima oportunidade.

Os atos violentos cometidos pelo Movimento dos Sem Terra (MST) podem ser considerados hediondos, terríveis, como quiserem. Não tiro a razão de quem quiser dizer isso, ameaçar os proprietários de terra (ou qualquer pessoa), fisicamente, as suas famílias e funcionários. Sim, essa é uma situação inegavelmente terrível e violenta. Entretanto, bem fez a senadora que rasgou o relatório afirmando que ele negava a morte de mais de 1500 trabalhadores rurais durante os últimos anos. Assim como ele finge que nunca existiu violência por parte dos ruralistas e grandes produtores de terra. Aliás, pequenos produtores nunca foram ameaçados violentamente por latifundiários, que isso... é tudo lenda, “invencionisse” desse povinho do interior. Me desculpem, mas se um lado for considerado terrorista nesta história o outro também tem que ser.

E este relatório não fez só isso, primeiro por ser um relatório paralelo ele desautorizou todo um trabalho de meses feito pelo relator oficial. Ou seja, abre-se o precedente, agora quando a CPI não for para o lado que pretendem os deputados faz-se outro relatório e esse será aprovado de última hora, como foi ontem. E assim ficou comprovada a nossa maturidade política tão evocada quando foi realizada a passagem de governo de direita para a esquerda.

Percebeu-se que os trabalhos dessa CPI foram conduzidos com total isenção e independência. Depois desse ano realmente não sei o que pensar sobre a política no Brasil, será que ela existe? Só sei que enquanto o Senado e a Câmara funcionarem na base do lobby e do dinheiro, nenhum governo (seja de direita ou de esquerda) vai dar certo. Mesmo que se continue votando em senadores tão especialistas em termos de política internacional.

terça-feira, novembro 29, 2005

Calor Expressionista



O calor era tão intenso e expressionista quanto o que passava na tela. Para os ouvidos, música ao vivo, como nos anos 20, e para os olhos, a intensidade do preto e branco de “O Cabinete do Dr. Caligari”, filme de mesma época, ícone do Expressionismo Alemão. O ar condicionado não funcionava, e a temperatura da sala P.F. Gastal ultrapassou os limites do suportável lotada com os cinéfilos de plantão, literalmente sedentos para ver este clássico com esta trilha inovadora. Só que estava tão bom que ninguém arredou o pé, nem que oferecessem água grátis lá fora.

O filme começa já com o pessoal da “Pata de Elefante” detonando na forte melodia. Como já é tradição, os guris mandaram ver no rock instrumental e captaram bem o clima do filme. Talvez fosse uma boa idéia lançar uma versão com esta trilha, era uma proposta para um Festival no Instituto Goethe, imagine: clássicos do Expressionismo Alemão apresentados com som ao vivo de bandas gaúchas. Sim, meus caros, chegamos ao limite do pós-modernismo (hehe).

Voltando à sessão, depois de uns 30 minutos, “O Gabinete...” chega ao seu clímax, e o calor também. É hora de descobrir quem é o assassino! A música fica mais forte e a sensação que dá é de que aqueles cenários desenhados desproporcionadamente são frutos de ilusões provocadas pelas altas temperaturas. O público agüenta firme, alguns deliram, mas tudo bem, afinal, eventos como esse não acontecem todos os dias em Porto Alegre. Os créditos surgem na tela e os guris da “Pata” são aplaudidos de pé enquanto tocam os últimos acordes.

E assim foi a interessantíssima (e que deveria ser repetida) sessão de hoje, no meu reencontro com um dos lugares mais culturais e legais da cidade, a Usina do Gasômetro. Também reencontro com alguns amigos que eu nem sabia se ainda lembravam de mim. Entretanto, a sessão acabou, mas ainda é preciso seguir lutando com o calor insuportável que também reencontrei. Realmente acho que, às vezes, Porto Alegre se parace mais a um cenário expressionista.

Adicionando: Ouçam "Pata de Elefante", os caras são feras! É rock instrumental do bom! Vale a pena!

segunda-feira, novembro 28, 2005

Estranho, só pra constar mesmo

Que estranho, pelo que vejo só em novembro este blog ganha inéditos... por que será? Sempre me ocupo de escrever na web no penúltimo mês do ano? E daqui a pouco já tenho que escrever outro texto detonando com o Natal. Acho que sempre faço porque não é muito difícil, hehehe...

Enfim espero que dessa vez a inspiração ultrapasse esse mês.

domingo, novembro 27, 2005

"Me voy y dejo todo, vuelvo sin nada, pero mucho más experiente"

Compreendi bem esse ditado, ditado (hehe) por uma amiga francesa depois de três meses explorando o quanto fosse possível os recantos da Europa. A magia de viajar sempre me fascinou. Mas também jamais esquecerei o quanto esta experiência pode ser difícil e frustrante. Não, não pensem que a viagem foi ruim, ou que ocorreu algum daqueles clássicos problemas, como perda de malas, roubo ou qualquer outro. Simplesmente, caro amigo, como em qualquer situação da vida, as expectativas nem sempre são atendidas como esperamos.

Enfim, me dividi em mil nestes meses. Visitei amigas que conheci na Espanha em suas casas nos seus países de origem, fiquei em albergues que de longe pareciam casas, e em outros que eram melhores que muitas casas. Conheci todo o tipo de pessoas, me impressionei com a boa vontade de alguns e a falta de sensibilidade de outros. Foram horas divididas entre céu, mar e terra, ou melhor, trilhos. Fracionei-me em fotos, em pequenas partes de papel que agora juntos não conseguem mostrar toda a magnitude e as emoções que passei, mas me lembram a cada mirada que o tempo nunca mais vai voltar. Pelo menos elas podem explicar aos outros um pouco do que fui e como me espalhei por outras bandas. E também podem marcar para mim traços de rostos e paisagens.

Agora volto. Aos poucos. Tento juntar pedaços, organizar as memórias, organizar os folders, ingressos, papéis explicativos turísticos, postais, pessoas. Reorganizo a agenda, alguns sumiram, outros me esqueceram simplesmente, outros eu esqueci... quem será que vai sobrar nessa matemática de somar a subtrair dez meses depois? E tento lembrar, onde estava mesmo quando saí daqui? Ah, era aqui... ah, tá... parece, às vezes, que o tempo parou, mas não é verdade. Ele se dividiu em dias, que somaram meses, que dividiram o ano que agora já acabará, somando 2005 a nossas vidas.

Eu junto os milhares de pedaços de papéis, que enchem uma caixa, sentimentos repartidos, que somam uma lembrança, leituras de muitas letras que somam uma opinião ou pensamento. O coração dividido tem saudade, mas pensa em ficar, e tem o impulso contido de novamente ir. Um pouco aqui, um pouco lá. Descobri que não podemos negar que na vida é preciso ter algum lugar, ou este lugar te ter. Ainda não é hora, mas um dia vai acontecer. Enquanto isso, me solidifico para fracionar de novo, e ai vejo como fica quando junto tudo de novo. E essa é a parte divertida, deixar o vento levar, e não saber o que a estrada vai trazer.

terça-feira, novembro 22, 2005

A polícia em Portugal

Aos amigos jornalistas que já trabalham com o tema da segurança ou que tem idéia de como é que se faz... vocês sabem como se chama a tradicional "ronda" em Portugal?

"volta telefónica" !

Ah que saudade dos tempos que brincávamos uma tarde inteira com as gírias utilizadas pelos "êléméntos".